Robson Braga de Andrade diz que Brasil precisa voltar a criar empregos
“Não há mais condições de elevar a carga tributária” – Robson Braga de Andrade
A obsessão dos empresários brasileiros hoje é a geração de empregos. “Quando as empresas geram empregos, tem investimentos, tem salários, tem consumo e tem produção”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Robson Braga de Andrade
, nesta terça-feira (13), na apresentação para a imprensa da edição especial do
Informe Conjuntural
. O estudo faz o balanço de 2016 e traz as previsões para economia e a indústria em 2017.
Para Andrade, o governo de Michel Temer está tentando restabelecer o equilíbrio das contas públicas e as condições para o país voltar a crescer. Um passo importante nesta direção foi a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que impõe limites ao crescimento do gasto público. A PEC foi aprovada em segundo turno no Senado por 56 votos a favor e 16 contra e deve ser promulgada nesta sexta-feira (14) pelo Congresso Nacional.
O presidente da CNI disse que, sozinha, a PEC não garante a estabilidade econômica. O ajuste das contas públicas e o crescimento da atividade também dependem da reforma da Previdência. “O país corre o risco de daqui a 20 anos não ter como pagar os benefícios”, acrescentou. Na conversa com os jornalistas, Andrade apresentou uma série de dados que comparam o Brasil a outros países. Por exemplo, o gasto total do Brasil com Previdência em 2015 equivalia a 11,4% do Produto Interno Bruto (PIB), mais do que os 10,2% do PIB no Japão e os 10,6% do PIB na Alemanha, países em que a população é mais velha do que a brasileira.
Outro dado mostra que a carga tributária no Brasil corresponde a 32,7% do Produto Interno Bruto (PIB), mais do que nos Estados Unidos, onde representa 26,4% do PIB, ou da China, em que é de 19,4% do PIB. “Não há mais condições de elevar a carga tributária”, afirmou o presidente da CNI.
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– Andrade destacou ainda que, além das reformas estruturais, o Brasil precisa adotar um conjunto de medidas microeconômicas para melhorar o ambiente de negócios e dar segurança jurídica às empresas. Segundo ele, o pacote que o governo promete anunciar nos próximos dias ajudará a economia a se estabilizar, mas não garantirá o crescimento econômico.
Entre as medidas defendidas pela CNI junto ao governo estão a valorização dos acordos fechados entre empregados e empregadores, a revisão da Norma Regulamentadora 12, que estabelece padrões de segurança em máquinas e equipamentos industriais, a regulamentação da terceirização e a redução da burocracia, especialmente nas operações de comércio exterior. O presidente da CNI defendeu também a adoção de políticas de reestruturação das dívidas das empresas com os bancos e com o Fisco.
Na avaliação de Andrade, o país só voltará a crescer com maior vigor em 2018. Para 2017, a CNI prevê a expansão de apenas 0,5% na economia, o que significa muito pouco depois de dois anos consecutivos de retração no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o presidente da CNI, não há perspectivas de retomada da produção no curto prazo. Isto porque não há emprego, o consumo está caindo e falta confiança na economia.
Além disso, destacou o presidente da CNI, as famílias e as empresas enfrentam uma situação financeira difícil. “As empresas não têm mecanismos de financiamento das dívidas e, muitas, estão sem condições de pagar as dívidas fiscais”, afirmou.
Apesar da crise econômica e política, Andrade disse que empresários da Alemanha, dos Estados Unidos, da França e do Japão estão interessados no Brasil por causa do potencial de consumo da população e dos projetos de infraestrutura. Mas o Brasil não consegue atrair um maior volume de capitais estrangeiros por causa da insegurança jurídica.
Por Verene Wolke
Foto: Miguel Ângelo
Da
Agência CNI de Notícias