Produtividade baixa reduz participação do Brasil na economia mundial
O Brasil não para de perder espaço na economia internacional. A participação da indústria brasileira nas exportações mundiais de manufaturados caiu 0,1 ponto percentual, saiu de 0,69% em 2013 para 0,59% em 2014. Em 2004, as vendas externas de manufaturados brasileiros representavam 0,74% do total do mundo. O desempenho recente da indústria brasileira só não foi pior do que o da japonesa.
A participação da indústria do Japão nas exportações mundiais recuou de 5,12% em 2013 para 4,73% em 2014, uma queda de 0,39 ponto percentual. No mesmo período, a fatia da China cresceu 0,44 ponto percentual e alcançou 17,42%. A do México aumentou 0,12 ponto percentual e ficou em 2,45%, informa o estudo
Indicadores de Competividade da Indústria
, feito pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
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O Brasil também perdeu espaço no valor adicionado mundial de manufaturados, que desconta do total da produção os gastos com insumos. A fatia do país que representava 2,56% em 2014 diminuiu para 2,26% em 2015, uma retração de 0,3 ponto percentual no valor adicionado industrial mundial. De 2005 a 2015, a queda foi de 0,82 ponto percentual. Enquanto isso, a participação da China cresceu 12,09 pontos percentuais e a da Coreia do Sul aumentou 0,55 ponto percentual. Os demais parceiros comerciais do Brasil perderam participação no valor adicionado da produção mundial.
PREJUÍZOS PARA ECONOMIA
– O desempenho negativo da indústria brasileira no cenário internacional é resultado da perda de competitividade em relação aos seus principais parceiros comerciais. “A baixa capacidade de o Brasil competir com os demais parceiros comerciais reduz a produção e o emprego, desestimula os investimentos e compromete o crescimento da economia”, diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Para reverter esse quadro, destaca Andrade, o Brasil precisa implementar, com urgência, medidas que promovam a produtividade e reduzam os custos da produção. A prioridade, diz o presidente da CNI, são as ações que visam o equilíbrio das contas públicas, como a aprovação do limite para o crescimento dos gastos do governo e a reforma da Previdência. O aumento da produtividade também depende da modernização da legislação do trabalho, da melhoria e da ampliação da infraestrutura, da simplificação dos tributos e da inserção das empresas brasileiras na economia mundial.
AJUDA DO CÂMBIO
– Os três indicadores que determinam a capacidade de um país vencer seus competidores – custo unitário do trabalho, taxa de câmbio e produtividade do trabalho – melhoraram entre 2014 e 2015 no Brasil. Naquele período, o custo unitário do trabalho relativo efetivo em dólar real diminuiu 17,8%, a taxa de câmbio real efetiva caiu 18% e a produtividade do trabalho relativa efetiva teve leve alta de 0,1%.
Mas isso foi insuficiente para recuperar o terreno perdido nos últimos dez anos. De 2005 a 2015, apenas o indicador da taxa de câmbio melhorou, e teve uma redução de 2% (o que significa depreciação do real). Os outros dois – o custo e a produtividade do trabalho – acumulam perdas expressivas. O indicador de custo unitário do trabalho relativo efetivo em dólar real subiu 40,6% e o de produtividade do trabalho relativa efetiva diminuiu 17%. “A recuperação recente está muito dependente da variação cambial. A produtividade do trabalho da indústria brasileira continua crescendo lentamente e a produtividade efetiva está quase que estacionada”, analisa a CNI.
Os cinco indicadores de competitividade da indústria analisados pela CNI
A competitividade da indústria brasileira é acompanhada com base na evolução de cinco indicadores. Desses, dois – participação nas exportações mundiais de manufaturados e participação no valor adicionado mundial de manufaturados – se referem ao resultado efetivamente ocorrido. A queda ou o aumento dos dois indicadores mostra que os produtos manufaturados do país estão perdendo ou ganhando importância na economia mundial.
Os outros três – custo unitário do trabalho relativo efetivo em dólar real, taxa de câmbio real efetiva e produtividade do trabalho relativa efetiva – são determinantes da competitividade, ou seja, se referem ao potencial competitivo. A competitividade brasileira cai: com o aumento do custo unitário do trabalho relativo efetivo, a apreciação do real (indicada por um aumento da taxa de câmbio real efetiva) e a redução da produtividade relativa efetiva.
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Participação nas exportações mundiais de manufaturados:
mostra o tamanho da fatia do Brasil no bolo das exportações mundiais de manufaturados. O tamanho dessa fatia diminuiu de 0,74% em 2004 para 0,59% em 2014, o que mostra a perda da importância dos produtos manufaturados brasileiros no mercado internacional. Enquanto isso, a fatia da China aumentou de 7,94% para 17,42%.
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Participação no valor adicionado mundial de manufaturados:
mostra o tamanho da fatia do Brasil no total do valor adicionado mundial de produtos manufaturados. O tamanho dessa fatia diminuiu de 3,08% em 2005 para 2,26% em 2015. No mesmo período, a fatia da China aumentou de 11,75% para 23,84%.
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Taxa de câmbio real efetiva:
compara a evolução dos preços no Brasil com a média dos preços de 11 principais parceiros comerciais do país. Essa média é ponderada pela participação do país no fluxo comercial brasileiro. De 2005 a 2015, o indicador teve uma queda de 2%. Isso significa que o real se desvalorizou um pouco no período em relação às moedas de seus principais parceiros comerciais, elevando a competitividade do país.
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Produtividade do trabalho relativa efetiva:
mede a evolução da produtividade da indústria brasileira em relação à dos principais parceiros comerciais do país. A produtividade do Brasil, medida pelo resultado da produção dividido pelo número de horas trabalhadas, cresceu 6,2% de 2005 a 2015, menos do que a média da produtividade dos trabalhadores industriais nos principais parceiros comerciais do Brasil. Com isso, a produtividade do trabalho relativa efetiva, que mede o quanto o Brasil está se aproximando ou se distanciando da produtividade de seus principais parceiros comerciais na corrida da competitividade, acumulou uma queda de 17%.
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Custo unitário do trabalho relativo efetivo em dólar real:
mostra quanto custa o trabalho necessário para a produção de uma unidade de um produto. Por exemplo, quanto custa para a indústria o trabalho utilizado na fabricação de um televisor. O país perde competitividade quando o seu custo unitário do trabalho aumenta mais do que o dos demais países. No Brasil, esse custo aumentou 40,6% de 2005 a 2015 em relação a 11 principais parceiros comerciais do país analisados pela CNI.
SAIBA MAIS
– Faça o download do estudo
Indicadores de Competividade da Indústria
para conhecer todos os detalhes da pesquisa.
Por Verene Wolke
Da
Agência CNI de Notícias