Debater formas para desburocratizar o ambiente de negócios é essencial para aumentar a competitividade das empresas fluminenses. Júlia Nicolau, consultora de Desenvolvimento Econômico do Sistema FIRJAN, apresentou a perspectiva da indústria no estado do Rio. Ela destacou os desafios em infraestrutura e capacitação de mão de obra na primeira audiência pública sobre o tema, promovida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Segundo Júlia, o modelo de gestão de Parcerias Público-Privadas (PPPs) no município é complexo e tem muitas etapas. A proposta da FIRJAN é criar um grupo técnico multidisciplinar, com representantes da indústria e do governo, que poderá propor novos projetos. De acordo com estudos da Federação, os projetos de PPPs previstos para a cidade do Rio de Janeiro podem representar a injeção de quase R$ 20 bilhões na economia.

Em infraestrutura, a consultora também abordou questões relativas a transporte e distribuição de cargas, destacando que as regras atuais geram perdas para transportadores, distribuidores, indústrias e comércio, pois há distorções nas regras de permissão e proibição de circulação.

“Uma nova estrutura do Polígono de Restrição, com regras que considerem a dimensão dos veículos de cargas e a localização dos estabelecimentos, melhoraria as condições de mobilidade sem afetar a distribuição urbana de mercadorias, reduzindo impactos negativos na economia”, analisou.

Capacitação profissional

Com relação aos desafios na área de educação, Júlia ressaltou a necessidade da promoção de políticas públicas para qualificação da mão de obra com foco em inovações tecnológicas.

O desenvolvimento das habilidades lógico-matemáticas é fundamental para formar alunos de acordo com as necessidades atuais e futuras das empresas. Nesse sentido, a FIRJAN oferece o programa SESI Matemática nas escolas SESI e capacita os professores da rede pública estadual para estimular o interesse dos alunos pela área de ciências exatas e naturais.

Na qualificação profissional, é muito importante qualificar a mão de obra carioca, principalmente nas vocações da cidade. Ela apresentou, como exemplo, o trabalho do SENAI que qualifica profissionais para atuar numa área para a qual o Rio de Janeiro tem vocação: a indústria audiovisual. Júlia explicou que uma parceria entre a FIRJAN, o Sindicato da Indústria Audiovisual (Sicav) e a Riofilme vem fomentando a produção audiovisual fluminense.

“O SENAI criou cursos voltados para esse mercado, o que permitiu a inserção de jovens fluminenses, evitando a importação em massa desses profissionais de outros lugares”, observou a consultora da Federação.

Desburocratização

Juliana Lohmann, representante do Sebrae, falou sobre a necessidade de simplificação das exigências de licenciamento ambiental no município. “O processo deve ser mais simples, com procedimentos de fácil compreensão. O empreendedor deve estar com a cabeça livre para novas ideias de negócios e não estar focado apenas na burocracia”, pondera.

A audiência pública foi iniciativa de uma frente parlamentar composta por cerca de 40 vereadores e liderada por Leandro Lyra (Partido Novo). “Queremos criar uma agenda única e melhorar o ambiente de negócios na capital. Para isso, é essencial entendermos as demandas de todos os setores da economia”, afirmou Lyra.

A reunião foi realizada em 31 de maio na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.