COLA debate crowdfunding como alternativa de financiamento para a indústria fluminense
O financiamento coletivo, ou crowdfunding, é uma poderosa e estratégica ferramenta para levantar recursos, especialmente em tempos de crise econômica. A modalidade também é uma importante aliada para testar a demanda por um produto ou serviço no mercado.
O crowdfunding dependem primordialmente, de um bom planejamento e engajamento de rede, com a necessária mobilização de seu público-alvo. O assunto foi tema da primeira edição do COLA, evento que tem como objetivo transmitir conhecimento técnico-criativo e de aplicação prática e imediata para os negócios.
Segundo Felipe Caruso, consultor e editor do site Crowdfunding Brasil, as vantagens desse modelo vão além da obtenção de financiamento: “Um de seus benefícios é exatamente a redução de riscos, ao permitir que o empreendedor receba feedbacks da comunidade formada nesse ambiente online, antes mesmo de lançar o produto”.
Caruso explica que o financiamento coletivo é uma maneira de aperfeiçoar a ideia, sem ter que aportar um grande valor de investimento. Além disso, ainda de acordo com ele, a independência, a ausência de burocracias e a aproximação com o público também são vantajosas.
Atualmente, existem dois modelos de crowdfunding disponível, o ‘tudo ou nada’ e o ‘flexível’. No primeiro, o recurso alcançado só é revertido para o realizador se ele conseguir a meta dentro do prazo estabelecido; caso não consiga, ele não paga a taxa da plataforma, não produz o produto e os apoiadores recebem seu dinheiro de volta. Já a modalidade flexível arrecada o dinheiro atingindo ou não a meta.
Caruso defende que o primeiro modelo se aplica na maioria dos casos por alcançar maior mobilização por parte dos apoiadores, que também se tornam divulgadores: “É uma válvula de segurança para os dois lados, pois o realizador coloca uma meta realista e o apoiador tem certeza de que o projeto não está superfaturado”.
No Brasil, o mercado de crowdfunding ainda é pequeno. Em 2016, foram 28 mil campanhas lançadas, das quais cinco mil conseguiram captar suas metas, movimentando em torno de R$ 80 milhões.
Téo Benjamin, consultor em financiamento coletivo explica que é possível fazer esse mercado crescer: “Por enquanto, ele supre uma lacuna de financiamento para pequenos e médios projetos, que não têm acesso a editais ou à Lei Rouanet. Atualmente, no Brasil, 90% das campanhas são de até R$ 30 mil”. Ainda segundo Benjamin, trata-se de um valor baixo, mais muito útil para pequenas empresas, por exemplo, fazer protótipos de novos produtos.
Crowdfunding na prática
Thamilla Talarico, especialista de Indústria Criativa do Sistema FIRJAN, destaca que a Federação está capitaneando a difusão do conceito de crowdfunding entre o setor produtivo fluminense. “Identificamos que há um grande potencial para crescimento do financiamento coletivo no estado do Rio, principalmente nesse período de crise”, pondera.
A primeira ação realizada nesse sentido foi a Oficina SENAI de Financiamento Coletivo, projeto-piloto realizado em abril. Thamilla explica que a oficina é uma capacitação direcionada a representantes de projetos escolhidos a partir do Edital SENAI SESI de Inovação 2014-2015-2016.
A iniciativa já está na segunda etapa, em que estão sendo realizadas reuniões individuais de consultoria com os especialistas Felipe Caruso e Téo Benjamin, para reformulação e adequação dos projetos a partir das lições aprendidas na Oficina SENAI de Financiamento Coletivo.
De acordo com Thamilla, após essa etapa, os projetos lançarão suas campanhas de crowdfunding nas plataformas de sua escolha e poderão vivenciar na prática essa experiência, já com o conhecimento técnico necessário para tanto.
Um dos projetos que está sendo redesenhado é uma tampa de duas vidas inspirada no conceito de ecodesign, desenvolvida por Cláudio Patrick, diretor da Bauen Plásticos e coinventor da Clever Cap. O empresário já havia montado uma campanha de crowdfunding, porém sem sucesso.
“Consegui arrecadar somente 3% do valor necessário. A execução desse modelo de financiamento não é fácil. Participei da Oficina SENAI e identifiquei vários erros que cometi no processo Com base no que aprendi na Oficina e nas consultorias, em breve, lançarei uma nova campanha e estou confiante de que essa sim será bem-sucedida”, diz Patrick.
A primeira edição do COLA aconteceu em 30 de maio, na sede da Federação.