Aceleradoras de startups fomentam ambiente de empreendedorismo e inovação para indústria
Apoiar o empreendedor nas inovações tanto incrementais quanto disruptivas é fundamental para o desenvolvimento de novas tecnologias que beneficiem o setor industrial. Essa é a função das aceleradoras de startups, assunto de destaque na reunião do Conselho Empresarial de Tecnologia do Sistema FIRJAN.
De acordo com Newton Campos, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), diferentemente das incubadoras, que apoiam os empreendedores a transformar suas ideias em protótipos, as aceleradoras dão suporte em uma etapa posterior, auxiliando startups a tornarem seus protótipos em soluções prontas para o mercado.
“O objetivo é apoiar e investir no desenvolvimento das startups que, geralmente, estão vinculadas à tecnologia e, por isso, têm uma possibilidade enorme de ganhar escala”, explicou o especialista.
Segundo o estudo “O Panorama das Aceleradoras de Startups”, publicado por Campos e o pesquisador Paulo Abreu, há um total de 31 de organizações com esse propósito no Brasil, que já apoiaram mais de 1.100 empresas. “Ainda é um número muito pequeno se compararmos com outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, nas maiores aceleradoras a média é de 500 startups apoiadas por trimestre”, afirmou.
Entre as principais características dessas organizações está a aceleração em curto espaço de tempo, que varia, geralmente, de seis meses a dois anos. Campos ressalta que isso acontece em razão de os aceleradores pensarem como investidores, apostando em negócios com mais potencial de gerar retorno em pouco tempo. “Nesse processo, são ofertados a startups recursos sociais e econômicos, mentoria, networking, educação empreendedora, além de serviços contábeis e jurídicos”, explicou.
Ambiente de inovação
O especialista também alertou para uma nova lógica de empreendedorismo, que deverá mudar o cenário de inovação nas próximas décadas. De acordo com ele, cada vez mais soluções tecnológicas surgirão a partir de empreendimentos já existentes. Isso significa que o pequeno empresário, por exemplo, terá mais facilidades para inovar, em razão de já possuir expertise em determinada atividade.
A ideia foi corroborada pelo empresário Ramon Thurler, sócio-diretor da Pareto Publicidade e Propaganda: “No Brasil, principalmente, é importante que o empreendedor foque no que tem experiência. As aceleradoras de startups que surgem no país devem estar atentas a isso. Esses são negócios com maior chance de sucesso”.
Para Bruno Gomes, diretor de Inovação da FIRJAN, o surgimento de aceleradoras no Brasil, em especial no estado do Rio, passa pela formação de uma nova cultura que estimule a inovação.
“Não adianta replicar um modelo de sucesso do exterior sem olhar para a nossa realidade. Para aumentar o número de startups industriais precisamos tornar o currículo técnico e universitário empreendedor por natureza, criar espaços de prototipagem como o projeto dos FABLABs e Laboratórios Abertos do SENAI no Rio de Janeiro e, principalmente, assumir que o erro faz parte do processo de aprendizagem e crescimento. Parte do insucesso do movimento de aceleração de startups no Brasil tem relação direta com a qualidade dos planos de negócio e acesso a mercados. A indústria deve conectar seus desafios aos ambientes de startups de maneira contínua como uma nova modelagem de negócios”, disse.
Bruno destacou ainda que o tema é estratégico e vem sendo trabalhado de forma prioritária pela Federação, que incluiu, entre as propostas do Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2016-2025, o fomento às empresas de base tecnológica.
A reunião do Conselho de Tecnologia foi realizada na sede do Sistema FIRJAN, em 19 de outubro.