Empresários de 40 países se reúnem em São Paulo para debater economia global

Pela primeira vez o Brasil será sede do encontro anual do Conselho Mundial da Câmara de Comércio Internacional (ICC, na sigla em inglês), chamado de

Brazil Business Day

. O evento reunirá mais de 200 executivos de empresas globais no escritório da

Confederação Nacional da Indústria (CNI)

, em São Paulo, na quinta-feira (16). Entres os palestrantes, estarão o presidente do ICC Brasil  vice-presidente da Suzano Papel e Celulose, Daniel Feffer; o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade; o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo; e o bilionário indiano Sunil Mittal. A ICC é uma organização do setor privado presente em mais de 130 países, que representa 6,5 milhões de empresas. No Brasil, a instituição voltou a ter presença em 2014 em parceria com a CNI.

Os empresários vão se reunir preocupados com as previsões, da própria ICC, de que o mundo crescerá menos de 3% pelo quinto ano consecutivo e o comércio internacional não dá sinais de recuperação. Para a ICC, parte desse cenário pode ser explicado pelo protecionismo e pela falta de acesso a financiamento para operações de comércio exterior. ?Esse baixo crescimento não pode ser aceito como um padrão. Temos que trabalhar com os governos e com a Organização Mundial do Comércio para restaurar o comércio como motor do crescimento mundial, para criação de emprego, aumento da renda e redução da pobreza?, explica o presidente do ICC Brasil, Daniel Feffer.


FRACO CRESCIMENTO

– O ano de 2016 não começou muito bem para o comércio internacional. Segundo a CNI, além de seu fraco crescimento da área, também se destacam a retração dos preços das commodities, a instabilidade nos mercados financeiros e maior exposição de países em desenvolvimento à volatilidade nos fluxos de capitais. Além disso, há queda das importações nas economias emergentes e em desenvolvimento e redução das projeções globais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Dados do Fundo Monetário Internacional avaliam que os emergentes devem crescer 4,3%, mas os países da América Latina e Caribe terão retração média de 0,3%.

As discussões interessam, sobretudo, aos empresários que investem e produzem no Brasil. O país é a sétima economia mundial, mas apenas o 25ª exportador entre os 161 membros da OMC.  Esse descompasso pode ser explicado pelo alto custo das operações de comércio exterior. No entanto, o momento atual, com o real desvalorizado e retração do mercado interno, são um estímulo para as empresas que querem ingressar e ampliar suas exportações. ?O comércio exterior não pode ser uma opção só para quando a situação interna não é boa. Empresários e formuladores de políticas públicas devem ter consciência de que o Brasil necessita de uma estratégia previsível e concreta voltada para a maior e melhor inserção das empresas brasileiras no mercado mundial?, diz Robson Braga de Andrade.

Entre as ações defendidas pela CNI e pela ICC Brasil para ampliar a participação do país no comércio global estão a negociação de acordos comerciais, pois atualmente as empresas brasileiras têm acesso, livre de barreiras tarifárias e não-tarifárias, a menos de 8% dos mercados mundiais. Concorrentes do Brasil, como o Chile, Peru e México possuem 83%, 74% e 57%, respectivamente. Também é necessário reduzir o custo Brasil associado ao comércio exterior, com a facilitação e desburocratização na exportação, na importação e na internacionalização das empresas nacionais.


Prioridades para reativar o comércio mundial


– Completar a ratificação e a implementação do Acordo de Facilitação de Comércio da OMC;

– Facilitar o comércio para micro, pequenas e médias empresas e o acesso delas ao financiamento;

– Elaborar padrões globais de acordos de proteção e facilitação de investimento;

– Buscar acordos plurilaterais;

– Lançar negociações no comércio eletrônico, cobrindo assinaturas eletrônicas, fluxo de dados e norma simplificadas;

– Negociar padrões internacionais para combater a corrupção no comércio internacional;

– Reduzir as barreiras não tarifárias no comércio, inclusive em padrões técnicos


Prioridades para aumentar a competitividade do Brasil no comércio mundial


– Negociar acordos comerciais bilaterais, regionais e plurilaterais;

– Aperfeiçoar a infraestrutura e a logísticas para facilitar o comércio;

– Ampliar o acesso ao financiamento das exportações

– Reforçar o quadro institucional do Brasil em negociações internacionais, defesa comercial e promoção do comércio;

– Implementar o Acordo de Facilitação do Comércio;

– Fazer a reforma tributária para aumentar a competitividade das exportações;

– Negociar novos acordos de facilitação de investimentos com outros países;

Por Adriana Nicacio, de São Paulo

Vídeo: José Paulo Lacerda e Gilberto Alves

Da

Agência CNI de Notícias

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