FIRJAN participa de debate sobre compartilhamento da bacia do rio Paraíba do Sul
O seminário “Compartilhando águas: a experiência do Paraíba do Sul” reuniu representantes do governo, da indústria e da sociedade civil para uma reflexão sobre a crise hídrica que atinge a bacia hidrográfica desde 2014. O gerente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho do Sistema FIRJAN, Jorge Peron, detalhou os resultados de uma pesquisa realizada pela Federação em 2014 e 2015 com 517 indústrias do estado do Rio, que avaliou os impactos decorrentes da crise hídrica do Paraíba do Sul.
Segundo Peron, a água está presente na cadeia de produção de quase metade das indústrias ouvidas, sendo que 15% utilizam o recurso em todo o processo e 35% em parte dele. “As indústrias que não fazem parte desse grupo são, em geral, pequenas e estão localizadas no Centro-Norte e na Região Serrana Fluminense. Elas podem, contudo, ser afetadas indiretamente pela escassez de água porque dependem de uma cadeia produtiva que necessita desse recurso”, explicou.
Outro dado levantado pela pesquisa é que 65% das indústrias fluminenses utilizam somente a concessionária como fornecedora de água. “A região metropolitana é a que menos utiliza captação direta e também foi a que registrou mais interrupções no fornecimento. Essa situação se agrava porque dois terços das indústrias do estado do Rio estão concentrados nessa localidade”, avaliou Peron.
A pesquisa concluiu que o estado do Rio enfrenta ainda um cenário de crise, e a disponibilidade da água é considerada um fator determinante para planejar novos investimentos. “A indústria fluminense é relativamente pouco afetada porque vem se adaptando a uma melhor gestão do uso da água desde 2014, ou seja, antes da crise. Hoje ela busca controlar seu consumo porque já chegou ao limite da sua oferta”, destacou.
Desafios
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo José Soavinski, representou o ministro da Pasta, José Sarney Filho. Ele comentou o cenário de desafios gerado pela pouca oferta de água. “Teremos que nos superar e usar de toda a inteligência e informação para que tenhamos um espírito de compartilhamento da água. Precisamos fazer essa gestão sempre respeitando o equilíbrio do planeta, a oferta qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos e a preservação do meio ambiente”, explicou.
Soavinski leu ainda uma carta, escrita pelo ministro Sarney Filho, destacando como prioridade a segurança hídrica nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, abastecidos pela bacia do rio Paraíba do Sul, visando, entre outros objetivos, não prejudicar os consumidores e a competitividade dos negócios na região.
O evento contou também com a presença do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu; da subsecretária de Articulação Institucional da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, Eliane Barbosa; do procurador assistente da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, Carlos da Costa e Silva Filho, e da secretária executiva do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP), Maria Aparecida Borges Pimentel Vargas. O seminário aconteceu em 6 de setembro, na Casa Brasil, no Píer Mauá.