Brasil e Japão devem caminhar para um acordo de livre comércio, diz CNI
?Retomamos a estabilidade política e, por consequência, a estabilidade econômica vem se mostrando no horizonte à frente” – Fernando Furlan
O Brasil mudou e está disposto a negociar um acordo de livre
comércio
e de investimentos com o Japão. Esta foi a mensagem do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Robson Braga de Andrade
, na abertura da 19ª Reunião Conjunta do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, nesta terça-feira (4), em Tóquio, organizado pela CNI e pela Nippon Keidanren, a maior entidade empresarial japonesa. O setor privado e o governo dos dois países avaliam que o momento é propício para avançar nas relações bilaterais. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (
MDIC
), Fernando Furlan, o Brasil vive novos tempos. ?Retomamos a estabilidade política e, por consequência, a estabilidade
econômica
vem se mostrando no horizonte à frente?.
No ano passado, o setor privado brasileiro e japonês entregou aos dois governos um modelo de
acordo comercial
que, na visão do empresariado, é o melhor caminho para reduzir as barreiras ao comércio e ao investimento entre os dois países. Mas só agora, o documento ecoou nos governos. ?Eu queria reiterar a claríssima mensagem do governo Temer em relação ao Japão. Fico feliz que o presidente da
CNI
tenha mencionado a necessidade de acordos, porque depois da União Europeia, o Japão poderia ser a próxima etapa?, afirmou o embaixador brasileiro no Japão, André Correa do Lago.
No ano passado, o país asiático assinou o Acordo Transpacífico (TPP) com os Estados Unidos e outras dez economias, entre elas Chile, Peru e México. Quando entrar em vigor, o acordo vai mudar o sistema mundial de comércio com a liberalização de serviços e adoção de novas regras para a promoção de
investimentos
em parte da Ásia e América. O Brasil não está no TPP e, no momento, o acordo encontra resistência no Congresso americano e dos pequenos e médios empresários no Japão para ser internalizado. Segundo o CEO da Mitsui e presidente do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, do lado japonês, Masami Iijima, os governos do Brasil e do Japão devem iniciar o exercício de escopo do que poderá se tornar o texto do acordo de livre comércio entre os dois países.
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Como um acordo de livre comércio tem etapas a serem cumpridas e a negociação é complexa, o presidente do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, do lado brasileiro, e presidente da
Vale
, Murilo Ferreira, defendeu que, paralelamente, os países devem assinar o Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimento (ACFI). Este modelo de acordo foi criado pelo Brasil, em 2015, para reduzir os riscos dos investimentos no
exterior
e apoiar a internacionalização das empresas. ?CNI e o Keidanren estão empenhados num acordo de comércio. Há muito a ser feito no meio do caminho, o acordo de investimento é um deles?, afirmou Murilo Ferreira. ?Estamos confiantes na capacidade dos governos em impulsionar a agenda bilateral?, completou.
Presidente da seção japonesa do Grupo de Notáveis para a Parceria Econômica Estratégica entre Brasil e Japão, Akio Mimura, lembrou que o Japão enfrenta um problema grave de redução da população e, por isso, não tem mais como contar com o mercado interno japonês para ampliar sua
produção
. ?Temos expectativas de que o Brasil seja destino de nossos investimentos. Mas em 2015 os investimentos japoneses no país caíram 53% em relação ao ano passado. É difícil resolver o custo Brasil, a confusão política e o baixo crescimento. Esperamos que os dois governos trabalhem em conjunto. A assinatura de um acordo de livre comércio é vantajosa para ambas as economias?, disse.
O diretor-geral do escritório para América Latina e Caribe do Ministério de Relações Exteriores do Japão, Yasushi Takase, garantiu que vai trabalhar para fortalecer a relação dos dois países. ?O presidente Abe (Shinzo Abe) mostrou o desejo de que Temer (Michel Temer) mantenha o país estável para podermos avançar na proposta EPA (acordo de parceria econômica). Com Temer no Brasil e Mauricio Macri na Argentina, estamos com a expectativa de uma política mais aberta?, afirmou Takase.
Por Adriana Nicacio, de Tóquio
Foto: Hirofumi Kudoh
Para a
Agência CNI de Notícias