Brasil tem o pior desempenho em inovação entre os BRICS, mostra estudo da CNI e do Sebrae
Agenda da área retrocedeu no país nos últimos seis anos. Brasil vai na contramão de
países desenvolvidos e emergentes, conforme pesquisa apresentada em reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI)
Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI)
, coordenada pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
, mostra que o cenário da inovação no Brasil vem se deteriorando ao longo dos últimos anos. De acordo com a pesquisa
O Desempenho do Brasil no Índice Global de Inovação
, o país tem a pior perfomance em inovação entre os integrantes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O estudo constatou não apenas que estamos na lanterna entre as economias emergentes, mas que a China tem resultados consideravelmente melhores que os demais países, estando em 25º no ranking geral. O Brasil aparece na 69ª colocação.
“A inovação é o motor da competitividade” – Gianna Sagazio
Tanto em termos absolutos quanto em posições no ranking, China, Rússia e África do Sul apresentaram melhores resultados, tendo subido, respectivamente, 4, 13 e 5 posições. A Índia perdeu 4 colocações (está em 66º lugar) e o Brasil, 22 colocações. Apesar de os integrantes do bloco terem dados semelhantes em investimento em inovação, as taxas crescem muito mais rápido na China, que, inclusive, tem números melhores em resultados da inovação. A Rússia aparece na 43ª posição e, a África do Sul, na 54ª.
Esta é a primeira avaliação do desempenho histórico do Brasil no IGI, principal indicador de inovação do mundo, elaborado desde 2007 pela Universidade de Cornell (EUA) e a Escola de negócios Insead (França), em parceria com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi). O estudo, encomendado pela CNI e pelo
Sebrae
e elaborado por pesquisadores das duas universidades, examinou 79 critérios de performance do país, entre 2011 e 2016, incluindo total de recursos, resultados e eficiência dos investimentos feitos em inovação no Brasil.
PIORA RECENTE –
O panorama da inovação no Brasil mudou de otimismo para preocupação em seis anos. O país passou da 47ª posição em 2011 – a melhor colocação já registrada – para a 69ª em 2016. A posição geral só não é pior do que a aferida em 2015, quando o Brasil ocupou o 70º lugar. Esmiuçando o dado, o Brasil precisaria aumentar em 60% seus investimentos em inovação, considerando recursos financeiros e humanos, para alcançar os índices da Suíça, que lidera o ranking.
Apesar de os investimentos terem crescido no período analisado, a tendência é oposta em termos de resultados em inovação, que vêm diminuindo, particularmente depois de 2014. ?Observamos um declínio acentuado no indicador de eficiência da inovação do Brasil?, atesta o estudo. Em 2011, o país ocupava a 7ª colocação em eficiência da inovação. Em apenas cinco anos, despencou 93 posições e atualmente está em 100º lugar.
?A inovação é o motor da competitividade. Os dados mostram que, se não tornarmos nosso investimento mais eficaz e estratégico, se não colocarmos a inovação como uma prioridade, não conseguiremos reverter esse cenário. Isso, inclusive, compromete a capacidade de o país sair fortalecido da crise?, afirma a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio.
PONTOS FORTES E DEBILIDADES –
O Brasil melhorou os investimentos em inovação, tendo ganhado 10 posições entre 2011 e 2016: passou de 68º para 58º no período. Cinco critérios compõem o indicador investimentos: instituições, capital humano e pesquisa, infraestrutura, sofisticação de mercado e sofisticação de negócios. Em todos os pontos, com exceção de instituições, o Brasil teve crescimento significativo, com destaque para a expansão das tecnologias de informação e comunicação. Entretanto, apesar do aumento de recursos para a inovação, o país não conseguiu convertê-los em resultados no mercado. Além disso, a publicação aponta problemas nos critérios instituições – sobretudo pela avaliação ruim do ambiente de negócios – e ensino, especificamente afetada pela baixa formação de engenheiros.
RECOMENDAÇÕES –
O estudo traz algumas recomendações para reverter o mau desempenho do Brasil. Entre elas, o fortalecimento de políticas em inovação para que investimentos públicos alavanquem privados, maior cooperação entre empresas e universidades, além de incentivo à internacionalização e ao empreendedorismo. “Também precisamos criar instrumentos para gerenciar, monitorar e avaliar a agenda de inovação, bem como reforçar nosso ecossistema de inovação e o sistema de financiamento”, conclui Gianna Sagazio.
SAIBA MAIS
– Acesse a pesquisa
O Desempenho do Brasil no Índice Global de Inovação
para conhecer todos os detalhes da publicação.
Por Ariadne Sakkis e Diego Abreu
Foto: José Paulo Lacerda