Ações integradas entre governos e mudança de cultura na população estão entre as prioridades para o combate à pirataria
Os impactos do mercado ilegal não atingem somente a indústria, mas afetam toda a sociedade com taxas altas de desemprego e queda no consumo de bens e serviços. Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, considera dramático o crescimento da pirataria, do roubo de cargas e do descaminho. “Trazem efeitos negativos para a indústria e impacto para toda a população. Por isso, precisamos reagir a partir de um comportamento e de uma educação com responsabilidade, ajudando os brasileiros a terem juízo para ganhar essa luta, assim como as autoridades serem chamadas à responsabilidade”, declarou ele no Seminário Combate ao Brasil Ilegal, realizado no Hotel Pestana, no Rio de Janeiro, em 04/08.
No painel “O mercado ilegal no Brasil – Características, Impactos e Soluções”, mediado por Irini Tsouroutsoglou, vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), empresários apontaram que é preciso haver um aperfeiçoamento legislativo com medidas drásticas para o combate a esses crimes, unindo forças com políticas público-privadas mais adequadas.
Quanto à adulteração e roubo de combustíveis, o general Guilherme Theophilo, CEO do Instituto Combustível Legal (ICL), afirmou que as agências reguladoras não têm recursos para a fiscalização necessária e ratificou que a integração entre a iniciativa privada e o governo é fundamental no enfrentamento do problema. “Essa ilegalidade está acabando com o país e precisamos resolvê-la, por meio de iniciativas bem estruturadas, para dar cabo a esse Brasil ilegal”.
Sérgio Viana, assessor da Presidência da Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (Fetranscarga), alertou para o número de casos: “Em 1996, foram registrados 3 mil roubos de cargas. Já em 2017, esse número aumentou assustadoramente, saltando para 10.599, cerca de 30 por dia. Chegamos ao absurdo de ter filas de caminhões em comunidades. Ficamos em primeiro o ranking nacional de roubo de cargas. No Brasil, foram aproximadamente R$ 1,27 bilhão perdidos em cargas roubadas. Hoje, o estado do Rio ocupa o segundo lugar na quantidade de roubos de carga, ficando o estado de São Paulo em primeiro.”
Como solução, a instituição passou a utilizar uma tecnologia para informar, de forma imediata, a localização da carga, por meio de um sistema rastreador. De acordo com a Fetranscarga, é um trabalho que auxilia, mas não é a solução ideal, posto que os criminosos já usam um sistema para o bloqueio do GPS. Outra preocupação são os motoristas que sofrem psicologicamente ao enfrentar os criminosos.
André Dias, diretor de Relações Institucionais e Projetos Especiais do Grupo Globo, ressaltou que o problema afeta a população, que deveria ter consciência e entendimento para não comprar produtos piratas. “Quando um indivíduo acessa um site para ver uma transmissão pirata, precisa ter a consciência de que está abrindo a porta para que outros tenham acesso às suas informações pessoais (senhas, arquivos e contas bancárias)”.
Délcio Sandi, diretor de Relações Externas da British American Tobacco (BAT Brasil), acredita que o país deve priorizar a fiscalização nas estradas como também trabalhar no aperfeiçoamento da legislação. “Cassar alvarás de contribuintes que vendem produtos piratas como também suspender a Carteira Nacionais de Habilitação (CNH) de motorista que transporta carga roubada”, defendeu.
Fonte: Firjan.