Estudo da Firjan mostra alta de 95% no preço do gás como ameaça à indústria no Rio de Janeiro

ESTUDO DA FIRJAN MOSTRA ALTA DE 95% NO PREÇO DO GÁS COMO AMEAÇA À

INDÚSTRIA NO RJ

 

Rio, 18/02/2019 – Estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que o preço do gás natural no Rio de Janeiro subiu 95% nos últimos dois anos, após uma negociação da Petrobras com as distribuidoras de combustíveis, no final de 2016, o que está inviabilizando o funcionamento de algumas indústrias do Estado, principalmente nos segmentos de produção de sal, vidro e aço.

“Apenas nos últimos dois anos, o modelo de precificação impactou em R$ 1,6 bilhão a economia do Estado, o que coloca em risco pelo menos 40 mil empregos diretos industriais, acentuando a crise dos últimos anos que desempregou 34% da mão de obra industrial fluminense”, informa o estudo.

A instalação de “kits de GNV (Gás Natural Liquefeito)” também sinaliza a crise no setor, com queda de 30%, ou cinco mil unidades a menos instaladas em dezembro de 2018 contra igual mês de 2017. “Comumente, dezembro é um mês de pico, pois é o último mês para que o motorista tenha direito ao benefício de desconto no Imposto Sobre Propriedades de Veículos Automotores – IPVA”, diz o estudo.

Em outros Estados, como São Paulo, o aumento também foi alto, mas ficou abaixo do registrado no Rio, informa o Coordenador de Conteúdo Estratégico Gerência de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Thiago Valejo Rodrigues, um dos autores do trabalho. Em São Paulo, o aumento foi de 85% no mesmo período, já que no Estado que concentra o maior parque industrial do País o contrato da distribuidora conta com um mix do gás nacional e o gás importado da Bolívia, mais barato que o gás produzido no Brasil.

De acordo com Rodrigues, em janeiro de 2017 o gás natural produzido na Bolívia custava US$ 5,42 o milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica) e em dezembro do ano passado chegou a US$ 8,83 o milhão de BTU. Já o gás nacional era vendido a US$ 6,61 o milhão de BTU e subiu para US$ 10,16 no mesmo período. Em janeiro deste ano, ainda segundo a Firjan, a Ceg e a Ceg Rio cobravam, para o segmento industrial, R$ 1,58857 e R$ 1,52698 o metro cúbico, respectivamente, enquanto a Comgás, a Gas Brasiliano e a São Paulo Sul, que atendem o Estado de São Paulo, cobravam pelo mesmo gás R$ 1,386226, R$ 1,376201 e R$ 1,371855 o metro cúbico.

“Até conseguir ter um mercado dinâmico, com mais fornecedores e uma tarifa menor, a gente precisa sobreviver até ter esse mercado de fato rodando”, explica, destacando que um dos problemas é que o controle do preço do insumo está nas mãos de dois monopólios, que são a Petrobras e as distribuidoras estaduais de gás natural.

O governo federal lançou em 2016 o programa Gás para Crescer, que ainda depende de regulamentação. No final de dezembro, no apagar das luzes do governo Temer, o governo lançou decreto que viabiliza propostas do programa que não precisam de mudanças legais, mas na prática ainda não houve mudanças no setor.

Segundo o especialista em Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Fernando Montera, o custo do gás natural representa mais de 60% da tarifa cobrada aos consumidores industriais, um peso considerável que se agravou ainda mais com a renegociação dos contratos entre a Petrobras e as distribuidoras.

“Considerando, então, a demanda industrial por gás natural total de janeiro de 2017 até novembro de 2018, estima-se que a indústria pagou aproximadamente R$ 200 milhões a mais com o aumento no preço gerado pela repactuação dos contratos”, diz o estudo.

No caso do GNV (Gás Natural Veicular), segundo mercado para o gás natural no Rio, os gastos aumentaram em R$ 500 milhões só por conta da mudança da fórmula do contrato antigo para o renegociado entre os dois monopolistas (Petrobras e distribuidoras estaduais Ceg e Ceg Rio), segundo Montera.

“Após um ano recorde de demanda por conversões, o último mês do ano apresentou redução de 30% nas conversões quando comparado com o mesmo mês em 2017. Essa redução representou perda de R$ 25 milhões no faturamento das indústrias instaladoras de Kit GNV fluminenses”, informa o estudo.

A Firjan defende que a abertura do uso das infraestruturas essenciais, atrelada à uma tarifação pelo uso do sistema de transporte traria ganhos competitivos para a região Sudeste e, principalmente para o Estado do Rio. “A redução do custo de transporte, por exemplo, geraria economias de até R$ 1,2 bilhão para indústria e mercado GNV fluminense”, informa.

“Diante do quadro atual, é absolutamente necessária a adoção de medidas de revisão da regulamentação atual. Novos projetos de consumo, capazes de sustentar demanda firme pelo gás, são essenciais para consolidação do Rio como hub de gás no País. Entre eles, estão a expansão de usinas de geração elétrica, plantas petroquímicas e de fertilizantes”, conclui a Firjan.

Petrobras
Procurada, a Petrobras informou que o preço para a venda de gás natural praticado pela empresa segue uma fórmula que prevê variação vinculada à cotações internacionais de óleos combustíveis, além da taxa de câmbio do dólar.

“O uso de fórmulas com essas características é prática internacional consagrada. No caso do gás natural vendido pela Petrobras, essas oscilações são atenuadas pois as fórmulas contratuais incorporam mecanismos de suavização de atualização de preços.

Assim, as variações recentes nos preços do gás vendido pela companhia nos diversos Estados seguiram as variações ocorridas do mercado internacional, que também afetaram os preços dos demais combustíveis e os próprios preços do gás nos mercados que seguem mesma prática. Dessa forma, as condições atuais dos contratos comerciais de gás são adequadas e mantêm a competitividade do gás natural no mercado”, informou a estatal ao Broadcast. (Denise Luna – denise.luna@estadao.com)

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